domingo, dezembro 07, 2025

NPCUS: o partido clandestino da extrema-esquerda soviética

Em setembro de 1974, dois grupos radicais clandestinos de esquerda soviética russa, o Partido dos Novos Comunistas (PNC) e a «Escola da Esquerda», se uniram, no também clandestino Partido Neocomunista da União Soviética (NKPSS / NPCUS), organização que contestava o «socialismo real» soviético. 

O PNC nasce, quando na viragem/virada do ano de 1972 para 1973, junto a uma árvore de Ano Novo, dois estudantes do ensino médio de Moscovo/ou — Aleksandr Tarásov (1958) e Vasily Minorsky — decidem fazer a revolução marxista num país do «socialismo triunfante» — União Soviética. 

Uma revolução precisa de um partido clandestino, alias, são necessários grupos clandestinos dos quais o partido emergirá. Paralelamente a esses dois revolucionários, na mesma Moscovo/ou, no início de 1973, surge um outro grupo comunista clandestino, chamado «Escola da Esquerda», composto por seis alunas, unicamente as meninas, estudantes do 2º ano do Instituto Pedagógico Estatal de Moscovo/ou, liderado pela Natalia Magnat (1954-1997) e Olga Barash (1955). 

Natalia Magnat em 1979

Em setembro de 1973, alguns membros de dois grupos participam, de forma independente, num encontro público, conduzido pelo propagandista soviético Valentim Zorin, debatendo a questão da situação no Chile. Pelas perguntas sobre a esquerda ocidental, movimento estudantil, os Panteras Negras, a contracultura, colocadas pela Natalia Magnat, Tarasov, presente no encontro, percebe que encontrou as suas almas gémeas. Nenhum dos dois suspeitava que o outro também fosse membro de um grupo clandestino. 

Após meses de intercomunicação, em maio de 1974 surge uma situação que deixa de ser simplesmente romântica e se torna teatral, dramática e até cômica também. Os dois grupos tentam recrutar um ao outro: “Temos nossa própria organização – talvez vocês devessem se juntar a nós?” Ambos retornam correndo para seus respectivos grupos, relatando: «Nós, os recrutadores, estamos sendo recrutados!» 

Olga Barash (1955)

Em setembro de 1974, os jovens marxistas formam o Partido Neocomunista da União Soviética (NKPSS em russo, ou seja NPCUS). A organização se beaseia ideologicamente nos «Princípios do Neocomunismo» que foram revisados ​​por Tarasov em maio-junho de 1974 e adotados como documento programático. A liderança soviética pós-Lenine traiu a causa da revolução. O país está entrando em estagnação. O número de pessoas com mentalidade burguesa e consumista está crescendo. Com tal liderança e estado de espírito geral, a pressão ocidental não pode ser resistida. Os dissidentes [soviéticos] não são melhores que o governo, mas piores [por serem, na sua maioria liberais, pró-Ocidente e/ou anti-comunistas]. No final do século XX, o colapso da URSS e o ressurgimento do capitalismo se aproximam, e as coisas piorarão ainda mais. Mesmo assim, NKPSS ainda acredita que o socialismo foi construído na URSS. Acreditam que União Soviética precisa de uma revolução puramente política, sem alterar o sistema económico. 

Os jovens marxistas estão profundamente desiludidos com a sua própria geração. Com uma certa razão, pois a juventude soviética das décadas 1970-80 está profundamente apolítica e consumista. Ninguém sequer se interessa pelo Ché ou Gramsci, mas todos queriam saber onde podiam «arranjar» isso é, comprar calças jeans. Nem que sejam os jeans da Índia, já que um par de jeans de marca ocidental, custam, no mercado negro, dois salários do engenheiro soviético, os 250 rublos (cerca de 431 dólares ao câmbio oficial soviético). 

Graças à imensa vontade e muita procura, a organização encontra os camaradas com ideias semelhantes, em Leningrado, Dnipropetrovsk (célula liderada pela Galina/Halyna Tyukavkina), Kaliningrado, Kirov, Riga, em Tbilissi e Rustavi na Geórgia, extremamente poucas e muito distantes entre si. O NKPSS cresceu para 32 membros. Outras, cerca de trinta pessoas foram notavelmente influenciadas.

No verão de 1974, os ativistas deram um passo arriscado: pintaram slogans nas paredes dos prédios: «Revolução – já!», «Tirem os idiotas do poder!», «Dez anos são suficientes!» (do governo de Brejnev). As inscrições à giz estavam desbotadas e frágeis; panfletos foram guardados para o futuro. Era tudo muito romântico, recordou Tarasov mais tarde, com humor. «Um escreve, dois vigiam – será que a polícia está vindo?» 

Disiplina notável e medidas de conspiração excepcionais 

O NPCUS foi marcado por um altíssimo grau de disciplina partidária e uso de medidas de conspiração excepcionais. Membros ocultavam cuidadosamente suas identidades. Há um camarada que teve medo de se filiar ao partido, mas concordou em guardar o seu arquivo. Nenhuma prova incriminatória foi encontrada durante as buscas, pelo KGB, nas casas dos militantes. Toda comunicação era feita somente através caixas postais e cabines de telefones públicos. Os números de telefone eram memorizados. Os números secundários anotados nas páginas de livros, disfarçados de números de página. Pseudónimos nunca eram associados aos nomes reais, isso é, Tarasov nunca seria «Taras» ou Magnat não seria «Magna». Correspondência com células regionais era cifrada, usando a tinta invisível. 

Como a KGB os descobriu? Conversas abertas e descuidadas, feitas por alguns membros. De oitenta à cem pessoas poderiam tê-los denunciado. Alguém o fez, de uma ou de outra forma. 

Logo após as festas de Ano Novo de 1975, KGB lançou a operação para aniquilar o partido. De uma única vez foram presos 10 membros da célula moscovita (mas somente em 1980, foram descobertos e presos Irina Borisenkova-Orlova e Vadim Makin, a célula da cidade de Kirov). Os camaradas de Kirov eram muito ativos nos círculos artísticos e teatrais locais, promovendo as ideias da “nova esquerda”, principalmente as ideias do “protestos juvenis da década de 1960” e da contracultura da esquerda ocidental. As meninas da «Escola de esquerda» nunca foram apanhadas. Todas os outros foram presos no mesmo dia, exceto Tarasov, que viajava no comboio/trem Leningrado-Moscou. KGB não sabia onde ele estava — naquela época, as passagens eram vendidas sem apresentação do documento de identidade. Ao saber das prisões, Tarasov conseguiu queimar todos os documentos do arquivo. No fim, KGB o esperava em casa. 

Os presos tiveram relativa sorte. Não existindo os documentos escritos que confirmassem a existência do partido, então acusação só podiam se basear na transcrição de conversas. Em segundo lugar, eram extremamente jovens; um dos membros tinha apenas quatorze anos. O caso nunca foi a julgamento — Tarasov, Dukhanov e Nikolai Nikitin foram internados em hospitais psiquiátricos especiais, isso é, destinados aos psicopatas reais e também aos dissidentes. Oficialmente, a lei soviética não permitia a permanência, num hospital psiquiátrico, superior aos seis meses, sem uma sentença judicial. Para os demais, a punição foi a expulsão do ensino superior e/ou da juventude comunista Komsomol, chamada, às pressas, ao serviço militar, outras medidas de coersão. 

Durante os interrogatórios do KGB, os membros da organização alegaram que aderiam principalmente às ideias do marxismo-leninismo, considerada a ideologia oficial na URSS, e que os seus desvios ideológicos ao trotskismo, o anarquismo e o existencialismo não podiam ser considerados crimes, pois «na URSS as pessoas não eram julgadas por suas opiniões, mas sim por suas ações». 

Um dos membros da organização era familiar do Semyon Tsvigun, um dos vices do chefe do KGB Yuri Andropov e próximo ao assim chamado «grupo do Brezhnev». Muito provávelmente que tenha sido Tsvigun quem substituiu a prisão real por enternamento num hospital psiquiátrico — ter um parente prisioneiro político era muito mais ruinoso para a carreira de um alto burocrata soviético, do que ter um parente insano. 

No entanto, na psiquiatria punitiva soviética existiam várias maneiras de levar dissidentes à loucura. ECT (eletroconvulsoterapia), coma insulínico, doses maciças de antipsicóticos. Grandes doses de antipsicóticos fazem com que a pessoa gire em torno do próprio eixo (no jargão dos pacientes, «torce»). A cabeça gira para trás, o corpo se inverte. Os ossos podem se deslocar. A ECT pode causar perda de memória, como aconteceu com camarada Igor Dukhanov, responsável pela segurança do partido. 

Seis meses depois, Tarasov foi interrogado por uma comissão: «[...] Havia cerca de cinco pessoas lá: meu médico, o chefe do departamento e três desconhecidos.Um deles provavelmente era o médico-chefe, e os outros dois, presumo, eram do KGB. Claro, todos usavam batas brancas. Fizeram-me várias perguntas — sobre meu estado, minhas opiniões, se eu entendiaonde estava, em que cidade estava, que dia era, que ano era, e assim por diante. Pediram-me para andar de um lado para o outro várias vezes. Fizeram perguntas sobre minha atitude em relação às autoridades,se eu achava certo estar ali, se eu me lembrava dos nomes dos meus pais, as datas da Grande Guerra Patriótica... [...] Dois homens desconhecidos eram os mais importantes – […] eles faziam perguntas aos outros,até mesmo ao médico-chefe; às vezes nem sequer faziam perguntas, apenas olhavam para o médico-chefe ou o chefe do departamento – e rapidamente explicavam algo a eles. Um dos homens da KGB,aparentemente o mais importante, não me fez nenhuma pergunta, falando apenas com os médicos. A segunda pessoa, que me fez perguntas, não era psiquiatra – dá para perceber pelo jeito de falar(todos os psiquiatras soviéticos falam com os pacientes de uma maneira particular – você percebe imediatamente que eles o consideram inferior e o tratam como se estivesse doente – em parte com simpatiae carinho, como uma criança ou um gatinho, em parte com desdém. Você percebe que suas palavras não são uma fonte confiável de informação para eles; eles conhecem a realidademelhor do que você)». Uma cena verdadeiramente shakespeariana. 

A primeira comissão considerou o camarada Tarasov insuficientemente insano. Ele deu respostas corretas demais, lembrou-se de muita coisa. A eletroconvulsoterapia, à insulina e aos antipsicóticos, acrescente-se espancamentos, com as mãos algemadas. Tarasov afirma ser vítima de espancamentos, recebendo os golpes na virilha, nos rins e na cabeça. Não por enfermeiros, mas por «militares» (?), que se faziam passar por profissionais da saúde (as vezes, eles se esqueciam da conspiração dirigindo-se uns aos outros pelo seu patente). 

É de notar que vários outros ex-membros do NPCUS consideram as memórias do Tarasov parcialmente mitómanas, não porque o seu camarada é um mentiroso compulsivo, mas porque considerava toda a sua escrita como a continuação da luta pelo ideal marxista, tal como ele o imagina. 

Seis meses depois, o rapaz de dezessete anos é finalmente libertado – deficiente, com hipertensão, reumatismo, espondilite anquilosante, doenças hepáticas e pancreáticas, incapaz de se mover sem analgésicos. Perante a segunda comissão, o prisioneiro consegiu representar um papel semelhante ao de Hamlet, o de um louco, tornado inofensivo. Se a avaliação da primeira comissão era shakespeariana em caráter e profundidade, agora as analogias são literais. Além disso, ele está realmente em péssimo estado físico. Além disso, segundo a legislação soviética, era impossível mantê-lo preso por um ano sem julgamento. O Ministério Público, em teoria, poderia se irritar com o KGB, e o diretor do hospital poderia, também em teoria, ser demitido. Existia uma bastante frágil sombra de «legalidade socialista» – as autoridades soviéticas fingiam seguir as normas. 

Tarasov, após a sua libertação do internamento psiquátrico em 1976

A ala feminina do partido, Natalia Magnat e Olga Barash, diariamente esperavam serem presas, desenvolvem a insônia crônica e dependem de remédios para dormir. Magnat, que se tornou responsável de toda a organização durante esse período, é acometida por anorexia e, mais tarde, pela doença de Crohn. Vários membros abandonaram o partido. Inna Okup emigra para Israel. 

Em 8 de janeiro de 1977, vários atentados bombistas perpetrados por, alegados nacionalistas armênios abalaram Moscovo/ou. KGB se lança na investigação de todos os potenciais suspeitos. Tarasov, detido e interrogado pelo KGB, escapou à uma prisão real por um raro golpe de sorte: no dia do atentado, ele estava enternado no Instituto de Reumatismo, à vista de todos, possuindo um álibi perfeito. Mesmo assim, até 1982, Tarasov, como alguns outros ativistas do NPCUS viviam sob a vigilância constante do KGB.

Espaço da loja nº 15, Moscovo, 8.01.1977


Carruagens do metro de Moscovo, 8.01.1977

Após a primeira onda de prisões em janeiro de 1975, Natalia Magnat assumiu a liderança daquilo que restou do partido, que não havia ter sido descoberto, conduzido a organização ainda mais para a clandestinidade, salvou-a da destruição completa — até que a restauração do partido re-começou em 1977-1980. Entertanto, percebendo a falta de quisquer possibilidades de influenciar a sociedade, o NPCUS foi auto-dissolvido, por decisão dos seus membros, em janeiro de 1985. 

A razão da repressão soviética? 

Porque razão o Estado soviético usou toda a sua máquina repressiva para perseguir e aniquilar um minúsculo grupo marxista, mesmo que discordante de alguns aspetos do regime vigente? Temos que entender, que o regime soviético / russo sempre estava e está muito desconfiado de todos aqueles que acreditando em algo, possuem a sua própria opinião, independente das narrativas do regime. Tal como URSS perseguia implacavelmente os marxistas, o regime russo pré-2014/2022, bastante neo-fascista, na sua essência, perseguia os nazis e fascistas russos (com uma «amnistia» temporária e não oficial para aqueles que aceitem participar na guerra contra Ucrânia). O regime do Kremlin pretendia, desde sempre, que cidadão não tenha nenhuma posição sua própria, e que, sem nenhuma sombra de dúvida, acate, quaisquer mudança do discurso ou de atitude, à esquerda ou à direita, imposta pelo poder russo. O cidadão exemplar, como dizia a velha piada soviética: «se desvia somente em sintonia com a linha geral do partido». 

Os jovens marxistas, membros e simpatizantes do NPCUS, ousaram questionar a autoridade suprema do Estado soviético. Amanhã poderiam protestar, nem que seja nas conversas das suas cozinhas moscovitas e depois de manhã, até, quem sabe, poderiam aderir às táticas bombistas dos revolucionários russos dos séculos XIX-XX, como tal, mais valia se prevenir, do que os remediar, achava o KGB. 

A trajetória do Tarasov pós-NPCUS 

Após o início da Perestroica e do fim das repressões políticas na URSS, ele oteve a formação superior em economia e história, se profissionalizando como sociólogo e cientista político. Ainda em 1999, Tarasov exigiu a introdução do estatuto de agente estrangeiro na rússia, e a consequente repressão contra aqueles que o recebessem. Reagiu negativamente aos protestos democráticos da rússia putinista (dezembro de 2011 e fevereiro de 2012), caracterizando-os como protestos da pequena burguesia e de uma «revolta dos consumidores». Em 2012, acusou o regime de putin de supostamente subfinanciar o complexo militar-industrial russo, apesar dos elevados gastos militares da rússia.

Alexander Tarasov em 1990-92

Em 2013-14, Tarasov categoricamente e ativamente opôs-se à Revolução de Dignidade (Movimento Maydan) da Ucrânia. Posicionou-se publicamente ao lado das ditas «repúblicas populares» de Luhansk e Donetsk, apelou aos esquerdistas russos, para que participassem, com as armas nas mãos, na guerra contra Ucrânia e ao lado das forças russas e separatistas pró-russos. 

Texto em português @Universo Ucraniano

⚔️ Ucrânia homenageia os irlandeses que tombaram defendendo o país

A ordem militar ucraniana “Pela Coragem” foi concedida ao Robert «Irlandets» Deegan — o Presidente da Ucrânia entregou a condecoração estatal aos familiares de militar irlandês, afeto às fileiras da GUR MOU. 

Em 2 de dezembro de 2025, durante uma visita à Irlanda, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, entregou a Ordem “Pela Coragem” de 3ª classe aos familiares de Robert Deegan — um militar da GUR que morreu lutando pela liberdade contra os ocupantes russos. 

Robert, com o nom de guerre / codinome “Irlandets” (Irlandês), lutou pela Ucrânia nas fileiras da unidade “Stugna”, parte da “Unidade Especial Timur” da GUR do Ministério da Defesa da Ucrânia. Robert nasceu em 1995 na cidade de Newbridge. Era um jovem ativo, curioso e persistente. Serviu na unidade de Rangers do Exército da Irlanda. O pai e o irmão de Robert também são soldados do Exército Irlandês.

RIP Robert «Irlandets» Deegan

A história de Robert é um exemplo de coragem extraordinária, indiferença ao infortúnio alheio e desejo de justiça. Robert não tinha nenhuma ligação com a Ucrânia, mas após a invasão russa em grande escala, alistou-se como voluntário para lutar contra o agressor ao nosso lado. 

Em 2022, foi ferido pela explosão de uma mina terrestre e perdeu um olho. Após tratamento e reabilitação na Irlanda, retornou à Ucrânia. Nas fileiras das forças especiais da GUR, continuou a lutar contra os ocupantes russos nas áreas mais críticas da frente de batalha. Ensinava ucraniano, sempre motivava seus camaradas e tinha um senso de humor extraordinário. 

▪ Robert Deegan, de 29 anos, morreu em combate contra os ocupantes russo durante o ataque e a limpeza da Fábrica/Usina de Agregados de Vovchansky, em 17 de setembro de 2024 — ele estava protegendo seus companheiros. Quando Robert foi evacuado do campo de batalha, ele segurava no punho o seu próprio crucifíxio. 

Glória e honra a Robert Deegan — filho do povo irlandês, ranger, oficial das forças especiais da GUR! 

A Ucrânia sempre se lembrará do nome e do ato heroico do “Irlandês”, assim como de todos os voluntários estrangeiros que lutaram pela liberdade e dignidade na guerra contra o estado agressor da rússia. 

Graham Dale, veterano americano da guerra no Iraque

Em Dublin, o Presidente da Ucrânia também concedeu a Ordem da Coragem de 3ª classe (ambos postumamente) a mais dois voluntários militares da Irlanda, que defenderam Ucrânia nas fileiras das Forças de Defesa e Segurança — Graham Dale (45) e Oleksandr «Alex» Ryzhuk (20). 

Olexander Ryzhuk, ucraniano nascido na Irlanda

Honra!

sábado, dezembro 06, 2025

O terror aéreo russo atinge vários alvos da infraestrutura civil da Ucrânia

Estação de comboios de Fastiv, região de Kyiv

Na noite em que o São Nicolau traz presentes para as crianças, Kremlin e forças de ocupação russas atacaram os alvos civis ucranianos com drones e mísseis. As explosões e incêndios de grandes proporções, mais uma vez, atingem Ucrânia, escreve a deputada ucraniana Sofiya Fedyna. 
Estação de comboios de Fastiv, antes e depois do ataque russo

A contenção das consequências do ataque russo noturno e em massa continua. Dez regiões foram atingidas e oito pessoas ficaram feridas. Equipas/es de resgate, aeronaves e sistemas robóticos do Serviço Estatal de Emergência (DSNS) estão atuando. No total, especialistas do DSNS estão trabalhando em 24 locais, dos quais 17 já foram controlados. 

  • Lutsk – armazéns com produtos alimentícios foram destruídos pelo fogo.
  • Bila Tserkva – a área atingida pelo fogo é de 5.200 m², aeronaves do Serviço Estatal de Emergência atuaram no combate às chamas.
  • Dnipro – armazéns estão em chamas, aeronaves de luta anti-incéndio foram acionadas. 
Na cidade do Dnipro um míssil russo caiu num parque infantil:


Dnipro

Comboios/trens atingidos em Fastiv

Região de Dnipro

Região de Volyn/Lutsk

Região de Volyn/Lutsk

O ataque com mísseis destruiu completamente uma casa particular e danificou cerca de dez residências vizinhas. Atualmente, três pessoas estão feridas no ataque.

  • Fastiv — um incêndio em uma área de 3.000 m², uma estação ferroviária foi destruída.
  • Distrito de Vyshhorod — um incêndio em uma área de 5.500 m² foi extinto.
  • Região de Lviv

Como resultado dos ataques, instalações de infraestrutura crítica pegaram fogo. No distrito de Sheptytsky, um incêndio começou e uma casa particular foi danificada devido à queda de destroços; duas pessoas ficaram feridas.

sexta-feira, dezembro 05, 2025

❗️💥⚔️ “Prymary” da GUR MOU destruíram MiG-29 e Su-24 russos na Crimeia ocupada

Em 4 de dezembro de 2025, no território do aeródromo militar “Kacha”, na Crimeia ocupada, os comandos da unidade especial “Prymary” (Fantasmas) do GUR do Ministério da Defesa da Ucrânia, atingiram um caça multifuncional russo MiG-29K-Kub. 

Na mesma noite, os “Fantasmas” também atingiram o sistema de radar do aeródromo “Irtysh”, próximo à cidade temporariamente ocupada de Simferopol. 

As unidades especiais do GUR continuam a enfraquecer sistematicamente o sistema de defesa aérea moscovita na Crimeia temporariamente ocupada, destruindo radares, sistemas antiaéreos e, agora, também aeronaves de combate russas. 

Lembremos que, em 21 de setembro de 2025, os «Fantasmas» atingiram e queimaram, pela primeira vez na história, dois aviões russos anfíbios de luta antissubmarina, Be-12 «Chaika».

No total, em duas últimas semanas, os “Fantasmas” do GUR realizaram oito ataques precisos contra a infraestrutura militar dos ocupantes russos na Crimeia ocupada:

  • um caça-bombardeiro Su-24;
  • uma antena em uma cúpula radiotransparente;
  • uma estação de radar 39N6 “Kasta-2E2”;
  • um drone “Orion”;
  • duas estações de radar 48Ya6-K1 “Podlyot”;
  • Um comboio/trem de carga e um camião/nhão “Ural” das tropas russas.

A luta armada continua!

Glória à Ucrânia!

Assembleia Geral da ONU aprova a resolução “Retorno das Crianças Ucranianas”

Ucrânia saúda a adoção, pela Assembleia Geral da ONU, da resolução “Retorno das Crianças Ucranianas”, iniciada pela Ucrânia juntamente com o Canadá e a União Europeia, e co-patrocinada por 48 Estados-Membros da ONU.

Dos 193 Estados-Membros da ONU, 92 votaram a favor (inicialmente 91, com a Costa Rica a juntar-se posteriormente). O Estado agressor, a rússia, juntamente com outros 11 países, demonstrou que atualmente se opõe ao retorno das crianças ucranianas.

Até à data, apenas 1.850 crianças foram efetivamente devolvidas a casa — muitas vezes após meses de buscas, esforços complexos em várias fases e operações de resgate.

A Assembleia Geral da ONU exige que a rússia devolva imediatamente, segura e incondicionalmente todas as crianças ucranianas e cesse qualquer prática de deportação, transferência forçada, separação de pais ou tutores, alteração de dados pessoais, adoção ilegal e manipulação ideológica.

A resolução também confere ao Secretário-Geral da ONU um mandato abrangente:

  • coordenar o trabalho de todos os órgãos relevantes da ONU para garantir a implementação da resolução
  • dialogar com a Rússia para obter informação completa sobre a localização, o estado de saúde, a situação jurídica e as condições de vida das crianças ucranianas
  • garantir o seu retorno
  • assegurar acesso irrestrito da ONU e de organizações humanitárias e de monitorização internacionais aos locais onde as crianças são mantidas
  • informar regularmente os Estados-Membros sobre os progressos realizados.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia valoriza profundamente o papel importante dos Estados-Membros da ONU, das organizações internacionais e da Coligação Internacional para o Retorno das Crianças Ucranianas, que trabalham incansavelmente para garantir que cada criança possa regressar a casa, receber reabilitação e reintegrar-se num ambiente seguro.

Ucrânia continuará a cooperar estreitamente com os seus parceiros internacionais para garantir que cada criança levada ilegalmente seja localizada, protegida e devolvida à sua família. Isto não é apenas um dever humanitário — é uma questão de justiça, responsabilidade e respeito pelos princípios fundamentais do direito internacional.

#BringKidsBackUA

quinta-feira, dezembro 04, 2025

«Taifun»: a unidade totalmente feminina de drones da Guarda Nacional da Ucrânia

Conheça Viktoriia, Tetiana, Oleksandra, Maryna e a sua comandante Daria «Hilka» – integrantes de uma unidade totalmente feminina de drones, parte integrante da unidade especial «Taifun» (Tufão), a primeira e única na Guarda Nacional da Ucrânia (NGU).



Elas escolheram servir nas FAU para defender seu país contra a agressão russa. Algumas delas retornaram à Ucrânia de locais seguros no Ocidente, para se alistar na Guarda Nacional. Na linha de frente, elas operam drones, percorrem estradas perigosas e atacam as posições russas. 




Quase quatro anos após a invasão russa, as mulheres ucranianas estão assumindo cada vez mais funções de combate antes reservadas aos homens. A dificuldade da Ucrânia em recrutar pessoal obrigou suas forças armadas a se adaptarem. No início deste ano, mais de 70.000 mulheres haviam se alistado no exército ucraniano — um aumento de 20% desde 2022. Cerca de 5.500 delas atuam atualmente em funções de combate. 

Mas a tripulação de Daria é a primeira da guarda nacional ucraniana a operar inteiramente sem homens. Somos imensamente gratos a elas por sua coragem!

Fotos: Oksana Parafeniuk / para The Washington Post

quarta-feira, dezembro 03, 2025

Como queniano que foi para a rússia para trabalhar encontrou a sua morte na Ucrânia

O queniano Martin Mburu, que viajou para a rússia no fim de outubro, para assumir um cargo militar, sem imaginar o que o aguardava, morreu em combate, liquidado pelas tropas ucranianas, escreve a publicação queniana Nairobi Leo 

Martin Macharia Mburu morreu, juntamente com um outro mercenário nigeriano, na quinta-feira, 27 de novembro, logo após a colocação na linha da frente, depois de um treino/amento de apenas três dias. Seus passaportes foram recuperados junto aos restos mortais, além de documentos russos e passagens aéreas, que indicam que Macharia deixou o Quênia em 21 de outubro de 2025. Segundo relatos, ele foi coagido a se alistar no exército russo e tentou enfrentar as forças ucranianas antes de morrer.

Significa, que desde a sua chegada à rússia até a sua morte passou um pouco mais de um mês.

O caso já havia sido levado ao conhecimento da Assembleia Nacional em 19 de novembro por Gitari Gachoki, de Kirinyaga Central, que alegou que Mburu, acompanhado de outro queniano, foi forçado a assinar um contrato com o exército russo, sem experiência prévia, para servir nas forças armadas russas. 

A morte de Mburu ocorreu semanas depois de o Quênia ter solicitado o apoio da Ucrânia para repatriar seus cidadãos, capturados pelas FAU, após serem forçados, pelos russos, a combaterem pela forças russas de ocupação. 

No dia 6 de outubro, o Secretário Principal do Ministério de Negócios Estrangeiros / das Relações Exteriores, Korir Sing'Oei, anunciou que o governo está trabalhando com autoridades ucranianas para fornecer assistência consular e garantir o retorno seguro dos quenianos detidos na Ucrânia. 

Sing’Oei também confirmou que três outros quenianos: Shaquille Wambo, Pius Mwika e Derick Njaga foram evacuados em segurança pela Missão Queniana em Moscovo/ou e estavam a caminho da Quénia. 

Salve a sua vida e entrega-se às FAU: t.me/spasisebyabot

Ligue para +38 044 350 89 17 e 688 (somente de números ucranianos)

Escreva ao Telegram ou WhatsApp:

  • +38 095 688 68 88
  • +38 093 688 68 88
  • +38 097 688 66 88

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Bombardeamentos intensos russos atingem a cidade de Kyiv

Por duas noites seguidas, rússia ataca Kyiv — como se tentasse pressionar Ucrânia, em extremis, a aceitar os acordos impostos. No distrito de Svyatoshyne, um drone atingiu diretamente a janela de um prédio residencial. Em Vyshgorod — um outro ataque: oficialmente um míssil, mas há quem diga que poderiam ter sido dois drones com carga termobárica. Ardeu por um longo tempo e de forma incontrolável.





Esta é a verdadeira resposta da rússia a todos os esforços de paz do mundo — e as suas reais intenções relativamente ao fim desta guerra. Ou seja: continuar a guerra e matar ainda mais.

Duas pessoas foram mortas no ataque de 29 de novembro à noite contra Kyiv. Vinte e nove pessoas ficaram feridas, incluindo crianças. Edifícios residenciais, automóveis, casas particulares e garagens foram danificados. Alvos civis.




A guerra não irá parar sozinha, porque o agressor está determinado a continuá-la a qualquer custo. A tarefa do mundo hoje é tornar insustentável para a rússia o custo de prosseguir esta guerra. Só a força — e apenas a pressão sobre Moscovo — surtirá efeito.

Havia confusão no pátio: as pessoas corriam, sem saber o que fazer. No nono andar, um homem estava preso em um apartamento completamente tomado pela fumaça — ele iluminou a janela com uma lanterna, mostrando que estava vivo e aguardando socorro. Lá embaixo, os homens, junto com a polícia, gritavam para que todos se afastassem. Como costuma acontecer em cenas de ataque, havia tensão: um policial agarrou um jornalista pela roupa e o puxou atrás do cordão de segurança, como se este fosse o principal culpado pelo caos.





Há mortos. Há um pequeno mercado perto da casa — a onda de choque estourou as janelas e portas, juntamente com as suas bases; os prédios estão praticamente à descoberto.

Fotos: Efrem Lukatsky; Serviço de Emergências (DSNS); Anton Shtuka, Kostiantyn & Vlada Liberovy

Texto: Efrem Lukatsky; Embaixada da Ucrânia em Portugal

domingo, novembro 30, 2025

Standing Free: a bomba levou a minha casa

Standing Free é a primeira longa-metragem do diretor ucraniano-canadense Max Khomenko. Trata-se de um projeto documental profundamente pessoal, filmado durante suas três viagens à Ucrânia em plena guerra. Através das histórias de crianças, civis e soldados, Max mostra o custo humano da agressão russa e sua própria trajetória pelo país devastado pela guerra.

Ao trabalhar no filme, ele arriscou a vida, filmando nas linhas de frente no leste da Ucrânia e trabalhando ao lado de militares da Brigada «Azov», da Primeira Brigada Presidencial, da 3ª Brigada de Assalto e da 95ª Brigada Aerotransportada de Assalto.

O mundo mudou como o conhecemos. Uma destruição que se espalha para além das fronteiras da Ucrânia é mostrada através dos olhos de um canadense com raízes ucranianas. Os efeitos dessa guerra são explorados em um formato de documentário artístico. Um adolescente de Vancouver abandona sua vida pacífica para se reunir com sua família na Ucrânia. Ele viaja e documenta opiniões e depoimentos de especialistas pelo Canadá, Geórgia e Eslováquia. Finalmente, ele chega à casa de sua família, que foi bombardeada pelos russos. Max então realiza entrevistas com cidadãos ucranianos e soldados do exército para revelar os efeitos da guerra e como pessoas comuns superam imensos obstáculos.

Com o apoio da Fundação «Shevchenko», o filme já foi exibido em cinco países em formato de curta-metragem, arrecadando fundos para iniciativas humanitárias e de manutenção da paz na Ucrânia. Quatro anos de trabalho árduo no projeto renderam a Maxim o Prêmio Humanitário John Gibbard (2023) da Associação das Nações Unidas no Canadá.

Bombardeamentos nazistas e ruscistas de Londres (1940) e Kyiv (2025)

No início da Segunda Guerra Mundial, o governo britânico não considerava o metro/ô de Londres como um abrigo, apesar de, durante a Primeira Guerra Mundial, as pessoas já terem se refugiado ali para se proteger dos bombardeios, recorda a página WAS.



Artistas famosos cantam para as pessoas comuns

Contudo, durante o primeiro grande ataque a Londres, em 7 de setembro de 1940, as pessoas literalmente invadiram a estação Liverpool Street para se esconder das bombas. Depois disso, as autoridades mudaram de postura: o metro/ô foi oficialmente incluído na lista de abrigos e seu uso começou a ser organizado, desde as condições sanitárias até o fornecimento de alimentos.


Distribuição do bolo inglês pelas damas da sociedade

Inicialmente, o metrô era aberto como abrigo a partir das 16h, e as pessoas formavam filas para conseguir um lugar; segundo testemunhas, era possível «vender» um lugar na fila, e rumores se espalharam pela cidade de que representantes de certos grupos ocupavam os melhores lugares. A partir de novembro de 1940, foram introduzidos bilhetes especiais para permanecer no metro/ô durante os ataques, que designavam os moradores às determinadas estações; se houvesse lugares livres, outras pessoas também podiam comprar bilhetes. No auge dos bombardeios nazistas, cerca de 177.000 pessoas dormiram no metro/ô de Londres, o que representava cerca de 4% da população da capital britânica. 

Como a Grã-Bretanha sobreviveu a esses ataques? (vídeo somente em ucraniano)

Ucrânia 2025. Metro de Kyiv, fotos do Yan Dobronosov (descobre as diferenças, os artistas famosos ucranianos já cantaram no metro de Kyiv, casos de Svyatoslav Vakarchuk e Okean Elzy ou Verka S.):